Confira a entrevista com o escritor:
Quando você entendeu, ou decidiu, que queria tornar-se um escritor? E com qual idade escreveu o seu primeiro texto?
Eu não decidi propriamente ser um escritor. Eu escrevia poesias desde a universidade. Elas eram, inicialmente, escritas à mão e depois datilografadas. Eu ia escrevendo e guardando em um envelope, mas sem pensar em publicar. Era mais uma forma de escrever um diário, sem escrever diariamente. Eu acabei virando professor e entrei para a vida acadêmica e aí fui sendo levado a escrever textos de não ficção. Mais ou menos em 2005 eu encontrei o envelope com meus poemas e voltei a escrever. A partir desse ponto as anotações poéticas foram se acumulando no computador. Finalmente, quando veio a pandemia, eu decidi que ia publicar aquelas poesias e ia fazer um livro. Então, eu me dediquei a escrever, elaborar e a organizar. Quando terminou a pandemia eu publiquei um livro, Borboleta Azul. Com a publicação desse livro se colocou para mim a ideia de escrever e publicar contos e romances. Comecei, então, a fazer anotações e escrever contos. O conto Stradivarius estava pronto quando eu soube do concurso da Editora Arte Literária para o livro “Por onde eu for eu levo a música”. Achei que era hora de ver se alguém, além de mim, gostava do que eu havia escrito e enviei. O texto foi aceito, agora está publicado e eu fiquei muito feliz por isso!
Qual foi o tema abordado? Pode falar um pouco sobre o que lhe motivou a abordar esse tema?
Os meus primeiros poemas eram poemas de amor adolescente e o que motiva um jovem de 18 a 22 anos. Mas tive que fazer uma viagem de avião e esqueci de levar um livro para ler durante o voo. No aeroporto comprei um livro chamado Cartas a um Jovem Poeta, de Rainer Maria Rilke, que mudou a minha perspectiva sobre a poesia. Passei a abordar outros temas além do amor, mas o amor é sempre uma fonte de inspiração.
Hoje, você se considera um(a) escritor(a) de qual gênero literário?
Eu ainda não me considero um escritor, apesar de tudo que escrevi, entre ficção e não ficção. Eu me considero alguém que gosta de escrever poesias e gosta de escrever contos. Se os contos e poesias tiverem uma boa recepção e uma boa acolhida, é provável que eu tente escrever um romance. Mas acho que, para ser escritor, é preciso ser reconhecido pela sociedade e isso ainda está acontecendo.
Qual é o seu maior desejo em relação à escrita?
O meu maior desejo em relação à escrita é, obviamente, que as pessoas leiam o que eu escrevi e que o maior número de pessoas goste, se divirta, se emocione, que pense e se transforme positivamente. Eu acho que é o que quer toda e qualquer pessoa que escreve.
Pode citar o(s) seu(s) livro(s) favorito(s) e escritor(es) favorito(s):
Sobre o escritor favorito, eu vou deixar os escritores de não ficção. Então, quero pedir desculpa aos eruditos, mas eu gosto mesmo é de romance policial. Sherlock Holmes, Georges Simenon, Graham Grenne, John Le Carré, mais recentemente o maravilhoso Leonardo Padura; mas o meu preferido acabou sendo o escritor brasileiro Luis Alfredo Garcia-Roza. Já corri atrás do Garcia-Roza na rua para pedir um autógrafo! Claro, li Jorge Amado, Antonio Callado, Machado de Assis e Graciliano. No campo da poesia, o poeta que eu mais gosto no sentido do saborear é o Vinícius de Moraes, mas evidentemente também poetas como João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, Adélia Prado, Manoel de Barros, Castro Alves, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Augusto do Anjos, Thiago de Melo. Claro que li e gostei dos livros do Chico Buarque e adoro as letras dele como poesia. O Brasil é uma riqueza poética infinita!
O que está lendo atualmente?
Atualmente estou lendo Adélia Prado, como poesia, e relendo Dom Casmurro, do Machado. No campo da não ficção, como sempre, eu tô olhando um monte de coisa.
Para você, como a literatura e a leitura podem modificar a vida das pessoas, especialmente daquelas que gostam de ler?
A literatura pode modificar as pessoas de muitas importantes maneiras e muito além do que se pensa normalmente. Em primeiro lugar, a arte ajuda a sociedade a processar seus problemas na perspectiva sensível e, principalmente, portanto, aqueles problemas que estão ligados ao universo do sensível. Recentemente vi um ator falando sobre como uma peça de teatro que ele encenou impactou uma pessoa e fez com que ela, depois de uma enorme crise de choro, ligasse para o pai para fazer as pazes. Mas, além desse aspecto emocional, ler um livro é uma forma de conversar com uma pessoa inteligente. Penso que a inteligência não vem pronta. Ela se desenvolve ao longo da vida. De modo geral, esse desenvolvimento da inteligência ocorre através dos estudos, mas também ocorre através das conversas que nós mantemos com as outras pessoas. Quando conversamos com pessoas inteligentes, nós ficamos mais inteligentes. O contrário também é verdade.
Em geral, ler um bom livro corresponde a uma conversa com alguém inteligente que pode nos ajudar a ficar mais inteligente.
É claro que a leitura de um livro que pode nos tornar mais inteligente às vezes cobra certo esforço intelectual, mas a alternativa é ficar burro, o que eu não acho que seja uma boa alternativa.
Na sua opinião, como os escritores podem ajudar a impulsionar o gosto pela leitura em nosso país?
Naturalmente, escrevendo livros interessantes e atraentes. Mas acho que a família e a escola têm um papel crucial no desenvolvimento do gosto pela leitura. Se a criança vê o pai e a mãe lendo, ela vai querer ler, ainda que não necessariamente os mesmos livros. Se a escola apresenta a leitura como algo divertido, que ajuda o jovem a lidar com seus sentimentos e emoções, isso, eu acho, é o que promove o gosto pela leitura.
Algumas palavras para os seus leitores:
Prezados leitores, desejo que vocês se divirtam com a história do Stradivarius, do livro Por onde eu for eu levo a música, que deem uma risadinha, aqui e ali, durante a leitura; e que finalmente, saiam animados a realizar os seus sonhos, apesar das adversidades.
A obra Por onde eu for, levo a música é fruto do primeiro concurso literário da Arte Literária. Foram selecionados 20 talentosos autores, todos explorando o incrível universo da música e dos instrumentos musicais.
Sinopse
Presente em todas as culturas do mundo, a música tem o poder de transformar, alegrar, divertir, fazer pensar, levar ao debate, expressar opiniões, expressar resistência, rememorar momentos felizes ou tristes, mudar escolhas e até mesmo condutas. Por tais razões, este livro reúne os vencedores do nosso primeiro concurso literário, todos eles escritores incríveis, amantes da arte, da escrita e da música. Adquira o seu exemplar impresso ou e-book.
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