Miniconto, ou pura arte!
- Editora Arte Literária

- 6 de set.
- 2 min de leitura

Hoje em dia, o miniconto — também chamado de microconto ou nanoconto — é bastante conhecido e celebrado, havendo, inclusive, muitos concursos dedicados unicamente a essa modalidade. Convenhamos: dar sentido a uma frase curta, com poucos caracteres, não é fácil! De certa forma, escrever um miniconto é muito mais difícil do que escrever, por exemplo, um romance. Neste, o autor tem páginas e páginas à sua disposição para dar vida a vários personagens, conflitos, emoções, lágrimas e risos. Porém, ao escrever um miniconto, microconto ou nanoconto, tudo que ele quiser expressar tem que caber em poucas palavras.
Não há consenso sobre a diferença entre microconto, miniconto e nanoconto. Alguns os tratam como sinônimos, outros os distinguem pelo tamanho: minicontos variam entre 50 e 300 palavras, microcontos têm até 50 e nanocontos, até 20. Há ainda quem defina por caracteres — 150 para minicontos e 50 letras para nanocontos.
A internet contribuiu muito para o crescimento do miniconto, mas essa ideia não é nova. Desde o século XIX já havia produção de minicontos. Autores como Machado de Assis e Raul Pompéia se dedicaram à criação desse tipo de texto.
A genialidade do miniconto reside não apenas na economia de palavras, mas principalmente em outra importante característica: apenas sugerir, nunca explicar. Por meio de um mínimo de caracteres uma pequena história é narrada, mas cada leitor pode interpretá-la a seu modo.
Um dos exemplos mais famosos é um miniconto de Ernest Hemingway, que escreveu o seguinte:
“Vende-se: sapatinhos de bebê nunca usados.”
Perguntas inevitáveis provocadas por esse pequeno texto: por que os sapatinhos estão à venda? Por que os sapatinhos nunca foram usados? Os bebês cresceram sem usá-los? Por quê? Ou os bebês morreram?
Cada pessoa interpreta o texto de modo diferente e esse é o objetivo do miniconto, assim como o de qualquer obra literária: o entendimento sempre é individual.
Outro miniconto famoso, de Lygia Fagundes Telles:
“Fui me confessar ao mar. O que ele disse? Nada.”
A ideia de confessar-se ao mar é muito poética, mas o que o mar respondeu? Nada, no sentido lógico de coisa alguma porque o mar não fala? Ou nada, no sentido de responder, poeticamente, e ordenar que ela nade?
Sim, escrever minicontos é criar obras de arte!





















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