
Júlio Emílio Braz (Manhumirim, 16 de abril de 1959) é escritor há mais de 40 anos, com 203 livros publicados até a presente data. Vencedor do Prêmio Jabuti, pela obra Saguairu (1989), iniciou a carreira escrevendo roteiros para histórias em quadrinhos, que foram publicados dentro e fora do país — Portugal, Bélgica, Estados Unidos, França, Cuba, entre outros. Escreveu romances de faroeste com 39 pseudônimos diferentes. Ficou conhecido mundialmente a partir da publicação de suas obras fora do país, ganhando muitos prêmios, entre eles o Australian Children Book's Awards e o Blue Cobra Awards do Swiss Institute for Children's Books. Na televisão, escreveu quadros para o programa Os Trapalhões, da TV Globo, e uma telenovela em dez capítulos para uma emissora do Paraguai.
A obra Um conto de fim de mundo celebra o estilo do autor, que aprimora seu trabalho ao longo dos anos com temas sociais de modo lúdico, sensível e profundo.
Sinopse
Rondônia. Porto Velho. Floresta amazônica. Região de riquezas a perder de vista. Tantas promessas para o mundo, expressas em imagens deslumbrantes e poéticas...
Porém, muita dor, incertezas e injustiças também se escondem pelos caminhos do Norte.
Quem é ela? Quem é essa menina, que ainda tão jovem tem que percorrer estradas sem fim, do agreste à floresta, todas repletas somente de medo e desamparo? Adquira o seu exemplar impresso ou e-book.
Você é um escritor brasileiro que tem mais de 200 livros publicados, vários deles premiados no Brasil e em outros países. Qual o segredo de tanto sucesso?
Acredito que não haja segredo algum. Eu simplesmente transformei o meu prazer em minha profissão. Quem sabe esse seja o segredo do meu sucesso?
Muitos dos seus livros abordam temáticas sociais. Elas são as suas favoritas? Por quê?
Sempre apreciei a narrativa envolvendo temas sociais, até antes, quando era um mero leitor e me encantava por livros como Germinal, de Émile Zola, e O Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
Não tenho interesse exclusivamente em nenhum tema em particular, mas acredito que os debates sobre temas sociais são preciosos, e mesmo necessários, principalmente em um país amnésico como o nosso.
Sobre o lançamento da nova edição do livro Um conto de fim de mundo: por que decidiu escrever sobre o tema “prostituição infantil”?
Objetivamente, a ideia desse livro surgiu faz muito tempo a partir de uma pequena notícia que ouvi no noticiário da Rádio JF, que falava da venda de meninas feita por regatões, comerciantes que sobem os rios amazônicos para vender produtos dos mais diversos nos garimpos e comunidades ribeirinhas. Depois, o interesse pelo assunto foi apenas crescendo à medida que a essa notícia se agregavam outras tantas envolvendo a exploração de crianças em várias partes do Brasil.
Esse é um dos grandes flagelos que infernizam o cotidiano de crianças e adolescentes, não apenas no Brasil, mas em várias partes do mundo.
Qual a importância da abordagem desse tema nas famílias e escolas brasileiras?
Tais abordagens são relevantes no âmbito escolar como contraponto, em primeiro lugar à rotina de disseminação de desinformação nas mídias sociais, e, em segundo lugar, como instigadoras de um debate cada vez mais necessário, porém quase sempre ignorado, a respeito dos muitos problemas que persistem, insolúveis, em nossa sociedade.
Como os professores devem trabalhar esse assunto em sala de aula?
Com muito cuidado, mas, antes de mais nada, com muita coragem. Vivemos tempos extremamente conservadores, em que o debate franco de ideias e a discussão de temas delicados, mas importantes, como a exploração sexual de crianças e adolescentes, sofre forte resistência por conta de um moralismo tacanho e até hipócrita.
Como você apresentaria esse livro para um jovem leitor?
Quer ver como é realmente o mundo em que você vive? Comece por este livro!
Na sua opinião, qual o caminho, ou caminhos, para que a prostituição infantil não mais aconteça em nosso país ou em qualquer outro lugar do mundo?
Primeiramente, a partir de uma educação que seja integral e mantenha nossas crianças o maior tempo possível dentro do ambiente transformador da escola, inclusive protegidas de certos tipos de pais, que desconhecem absolutamente a importância e enorme responsabilidade que é pôr um filho no mundo. Leis mais fortes e assertivas, que punam efetiva e duramente o crime contra nossas crianças. Responsabilidade na escolha de nossos políticos, gente que saiba o que é realmente ser eleito e não pense que está indo para o Congresso como se estivesse se tornando sócio de um clube social. A sociedade precisa saber ler e escrever, mas principalmente interpretar o que lê e saber o que escreve também ajudaria.
Algumas palavras para os seus leitores sobre Um conto de fim de mundo:
Ler, por si só, não vai mudar a sua vida. A transformação vai acontecer quando você abrir o livro e começar, não apenas a ler, mas a refletir sobre o que está lendo.
Assista a matéria da EducaTV Campinas sobre seis escolas de Campinas que participaram do projeto "Diálogo com o autor" e receberam a visita de Júlio Emílio Braz para uma ótima conversa sobre livros e literatura!
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